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Alguns ficam assim para o bolorentos, mas saborosos na mesma.
Uma sensação de veludo e paz na alma.
Nem é tanto pela letra, mas pela leveza da melodia, que faz a alma flutuar e deixar-se levar, suavemente e embalada, como uma pena ao vento.
Normalmente no metro, encontra-se um mar de gente, de todos os tamanhos, feitios, cores, felizes, tristes, ensonados. Sentimo-nos sardinhas mais do que enlatadas, todos os dias. Eis que, como por milagre - por milagre entenda-se tempo de férias, sol e praia - o metro desertifica um pouco, lentamente, nesta altura do ano.
É agradável termos algum espaço para nós num local onde estamos frequentemente apertados, comprimidos contra outras pessoas de um modo mais íntimo do que desejávamos ou pretendíamos. A verdade, é que aprendemos a lidar e aceitar isso. A não nos ofendermos por alguém ficar cara a cara connosco, nos pisar ou se roçar - inocentemente, óbvio - em nós, dadas as circunstâncias serem incontornáveis.
Surpreendida fiquei, ao ficar consciente de que não é o facto de estarmos no meio de gente apertados e desconfortáveis, que é o verdadeiro estar vulnerável, mas sim quando o metro se encontra mais vazio. Aí sim, ficamos expostos, não somos mais uma cabeça no meio da confusão. Podemos observar-nos a todos, sem malícia, calmamente e vamos percebendo cada um como indivíduo e não como massa de olhos e pernas, telemóveis e pensamentos.
É como se as máscaras caíssem um pouco, cedessem, nos deixando quase nús e crús.
E perguntamo-nos, que cruz aquele ser carrega, que fado ou desfado, habita naquela alma. Por breves instantes, momentos, fragmentos de tempo, realizando que provavelmente não mais iremos, vez alguma, nos cruzar novamente na vida, partilhamos um pouco de nós, timidamente, seja com o nosso jeito, ar ou só falar com o olhar.
E assim, cada um leva um pedacinho do outro, com eles. Seja o calor de um sorriso ou a memória de um olhar.