Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Alguns ficam assim para o bolorentos, mas saborosos na mesma.
Ao observar as lutas internas diárias - ocultas e não ocultas - de quem nos rodeia e, até de nós mesmos, concluo que estamos em constante guerra. Guerra com o não chegar atrasada, guerra com o que há para fazer, guerra por isto, guerra por aquilo e no fim, a guerra estende os seus braços negros, e alcança o que está mais à mão. Começa a espalhar o seu negrume pelo que nos rodeia. E quando se pára para pensar que raio se passa, o sentir de sobreviver invés de viver, o porquê de tanta azáfama interior e caos, ruído na mente, e se depara com um ser magoado, ferido, arisco, encolhido a um canto do ser, que apenas precisa de ser ouvido e acarinhado e não apedrejado, ignorado e pisado.
Facilmente achamos que nos pomos no lugar do outro mas isso não é assim tão fácil e tão óbvio. Posso ver a tua dor e ser solidária mas isso não faz com que eu a sinta na minha pele, o máximo será eu ir a um registo das minhas cicatrizes e te tentar ajudar na medida do possível, dada alguma experiência que tenha vivido minimamente similar à tua. Sim, similar porque igual não é possível. Todos funcionamos de modo igual mas com vivências diferentes.
Isto tudo me faz lembrar as minhas batalhas, o que conquistei, chorei e me levantei. Muitas vezes a custo. Sim, muitas vezes precisei de ajuda. Mas com estas marés de altos e baixos, de tempestades no alto mar sem saber para onde nadar porque nem terra via à vista, aprendi a lidar com as minhas dores e isso deu-me também compaixão pelas dos outros. Não pena: compaixão. Nunca sabemos que luta aquele ser à nossa frente está a batalhar naquele preciso momento nem que dores o sorriso esconde.
Ser humano actualmente, consegue ser algo mesmo muito raro. Pelo menos aquela coisa que vêm mesmo lá da essência, coberta de boa fé e sentido de solidariedade. É mais fácil mandar uma pedra do que entender o sofrimento alheio. Pior ainda, é perpetuar esse apedrejar, sem olhar para dentro de nós e ver a razão da sua causa e, à minima oportunidade a roçar o desespero, é pegar nele tal arma de arremesso, e mandar ao outro sem pensar duas vezes. Sem querer saber se se destrói um sorriso e se parte um olhar.